FILME “BYE BYE BRASIL” EMOCIONA O PÚBLICO DA “MOSTRA JOSÉ WILKER”
- 03/08/2024

“Bye, bye Brasil
A última ficha caiu
Eu penso em vocês night’n day
Explica que tá tudo ok
Eu só ando dentro da Lei
Eu quero voltar podes crer
Eu vi um Brasil na TV”
Como resistir a esta canção, tema do filme “Bye Bye Brasil”, na voz de Chico Buarque, que embala a Caravana Rolidei desbravando sertões, cidades e a Transamazônica? Foi uma daquelas tardes que o coração acelerou mais rapidamente, e os olhos felizes acompanharam o mágico e mestre de cerimônia Lorde Cigano, magníficamente interpretado por José Wilker, e sua trupe: Beth Faria, a dançarina Salomé; Fábio Júnior, o sanfoneiro Ciço; Zaira Zambelli, a jovem Dasdô, e Príncipe Nabor, o Andorinha! O filme de Cacá Diegues, de 1979, continua arrebatando plateias 45 anos depois do seu lançamento. Um clássico que o MIS RJ exibiu hoje (2/8), na “Mostra José Wilker”, na programação do Festival Internacional de Cinema de Paraty.
Após a exibição de “Bye Bye Brasil”, o MIS RJ reuniu a roteirista Mariana Vielmond, filha do ator José Wilker; o presidente do MIS RJ, Cesar Miranda Ribeiro; o curador do festival, Bruno Saglia, e o ator Marco Ricca para uma conversa sobre o filme, mediado pela jornalista do museu, Márcia Benazzi.
Trazer um quê a mais para o público é a proposta do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Além das informações sobre os bastidores, narradas em primeira pessoa pelo José Wilker em seu Depoimento para a Posteridade, gravado em 29 de junho de 2011, tivemos a grata surpresa, mais uma, apresentada pela Mariana Vielmond. Cartas escritas pelo pai para a sua mãe, a atriz Renée de Vielmond, durante as filmagens de “Bye Bye Brasil”, e que passavam um outro lado dele, a vulnerabilidade, as dúvidas, a poesia, a lucidez. Em uma delas disse sobre a profissão de ator – “Tento não pensar nisso mas estou convicto de que não sei fazer esse filme. Começo a ter uma espécie de insegurança, que sou inadequado para o papel, que não saberei fazer, e a cada sequência me sentia mais medroso. Hoje, quero ter uma conversa com o Cacá”.
O presidente do MIS RJ, Cesar Miranda Ribeiro, destacou a grata experiência da parceria com as produtoras que cederam os filmes para as exibições da “Mostra José Wilker”, além da importância de se preservar a memória do cinema nacional, e enfatizou que a chegada do acervo do ator, doado pelas filhas para o museu constitui uma fonte inesgotável para pesquisa – “volto a dizer que esse acervo é da sociedade, cedido pela família, à disposição dos pesquisadores. E a nossa instituição quer continuar preservando esse trabalho maravilhoso que vocês atores fazem, porque é para deixar para o futuro, porque nós vamos embora um dia, mas esse legado vai ficar”.
Para o ator Marco Ricca, que trabalhou com José Wilker em diferentes projetos, e o considera um gênio, disse - “Eu convivi muito com ele, tive esse prazer, foi o meu ídolo que virou amigo” […] “Acho que esse filme foi o que eu mais ví na vida, me marcou muito, como é bom o filme! […] E eu sei porque me marcou muito, é uma aula pra gente, e ele tem toda uma representação do cinema que a gente está fazendo ainda hoje, ele é emblemático, eu gosto muito”!
Bruno Saglia, curador e realizador do Festival Internacional de Cinema de Paraty, afirmou que – “Primeiro que essa parceria com o Cesar, com o MIS, nasceu desde Vassouras, e a gente já está indo para a terceira edição juntos. [...]Quanto ao festival, a gente está num momento de celebrar os encontros, esta é a função do festival. E, principalmente para nós, quando a gente vai começar a edição, eu já falei isso para o Cesar, o primeiro que a gente pensa é o que nós vamos compor, construir juntos com o Museu da Imagem e do Som”.
O MIS RJ tem recebido do público e dos participantes do festival uma ótima receptividade, o que nos enche de orgulho pelo trabalho que estamos realizando, ampliando plateias, levando cultura para outras localidades do Estado do Rio de Janeiro.
Publicado em 3/8/2024 por Márcia Benazzi