CARTOLA: GIGANTE DA MPB NA EXPOSIÇÃO O SOM DA IMAGEM
- 01/09/2021
As capas de disco não são meros recipientes. Nelas, encontramos diversos caminhos para a compreensão artística que vai além da música ou do registro sonoro encontrado em um lançamento fonográfico. Artes gráficas, pinturas, montagem ou fotos podem ampliar a compreensão de uma época estampada nos lançamentos musicais. São recursos que buscam sintetizar valores, demarcar estilos e comunicar com o público sentidos que vão além da escuta.
“Pouco tempo depois do MIS ser fundado, Cartola deixava o registro da sua vida para sempre eternizado na nossa instituição, foi quando prestou o seu Depoimento para a Posteridade, em 1967. Cartola será lembrado por muitas e muitas gerações, tenho certeza, como um poeta brilhante e um dos grandes compositores da MPB”, afirmou o presidente do MIS, Cesar Miranda Ribeiro.
Hoje (01/09), a Exposição Virtual O Som da Imagem dá continuidade ao diálogo entre os respectivos acervos dos setores sonoro e iconográfico com a escolha de um dos gigantes da MPB: Agenor de Oliveira, o Cartola.
“É impossível nesta primavera, eu sei
Impossível, pois longe estarei
Mas pensando em nosso amor, amor sincero
Ai! Se eu tivesse autonomia
Se eu pudesse gritaria
Não vou, não quero”
(Trecho da letra de “Autonomia”)
Cartola foi indiscutivelmente um dos maiores nomes de nossa música, tamanho o seu requinte e legado musical. Compositor de letras lapidadas acompanhadas de ricas melodias, ganha visibilidade no cenário musical tardiamente, algo inacreditável se levarmos em conta o seu imenso talento, pois atinge o ápice da carreira nos anos 70.
“Verde que te quero Rosa” é o disco que marca a entrada de Cartola para a RCA Victor. O LP foi produzido pelo jornalista Sérgio Cabral e a fotografia da capa por Ivan Klingen. O conceito da capa do disco era mostrar o “lado carioca” de Cartola, como afirmou Sérgio Cabral ao descrever a imagem de Cartola com um cigarro e tomando café em xícara e pires nas cores verde e rosa.
Ivan Klingen ao perceber, enquanto o café era servido por Dona Zica, que as cores da xícara e do pires formavam o casamento perfeito em verde-rosa optou por misturá-las. Assim surgia, sob a marca da “carioquice”, uma das capas mais famosas de todos os tempos. Na contracapa, outra linda imagem de Cartola com Dona Zica, seguida do texto de Lúcio Rangel sobre Cartola.
O samba “Autonomia” ganhou várias regravações e foi feito no mesmo ano do lançamento do disco, 1977. Com o arranjo do grande maestro Radamés Gnattali, essa música nos transporta até a fotografia da coleção Sérgio Cabral, pertencente ao acervo MIS (RJ), que registra e eterniza o momento de produção do disco nos estúdios da RCA. Na imagem sentados lado a lado estão o maestro Radamés Gnattali, Cartola e Sérgio Cabral.
Publicado em 01/09/21 por Daiane Lopes e Pedro Dias
Créditos:
Foto: Radamés Gnattali, Cartola e Sérgio Cabral durante a produção do LP “Verde que te quero rosa” nos estúdios da RCA. Ano 1977. Foto sem assinatura. Coleção Nelson Motta. Acervo MIS.
Disco: Cartola – LP “Verde que te quero Rosa”. Ano 1977. Coleção MIS. Acervo MIS.



